terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
– Exercer a profissão –
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.

...

E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão.

Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.

Operário em Construção - VM

sábado, 26 de janeiro de 2008



Tantas idéias, tantos pensamentos. Mas lamento, tão pouco deles completos.

Menos ainda são os concretos.

Não os entendo. E nem preciso, são meus.

Posso apenas guarda-los, esconde-los, posso até mesmo nega-los, basta querer.

Tenho algumas dúvidas, é verdade.

Não consegui descobrir se ando eufórico ou apático.

Sim, sei que são sintomas completamente diferentes, mas em mim, bem, em mim tem se misturado, formando uma sensação engraçada, complicada de se descrever, e mais ainda de se viver.

Se estou feliz? Não faça a pergunta como se a resposta fosse grande coisa. Me poupe.

Se sei o que é ser feliz? Preciso saber?

Sei de mim, e, pensando bem, nem de mim eu sei.

Sim, posso me descrever.

Vivo experiências contraditórias, sensações contraditórias e por isso, me dou o direito de ser contraditório.

Não te peço que me entenda, na verdade, não espero mesmo que pudesse entender.

Não te peço nem ao menos que me aceite.

Mas peço, e isso eu exijo, portanto, retiro o “peço” e me atenho ao “exijo”.

Não me importune Não me cobre e nem me canse.

Não te peço que me deixe, como poderia? Eu pedir e você deixar... como poderíamos?

Não, não estou confuso.

Sim, triste e feliz são estados conjugados

Não lamente por mim, eu mesmo não lamento. Nem me arrependo.

Oras, não me venha agora com seus malditos conselhos. Com suas camadas de hipocrisia

Não me venha com esse discurso moralista e banal.

A vida é muito mais que isso.

Não me olhe assim, estou apenas me expressando.

Não sei dizer se fui mais de mim, ou menos de mim.

Isso importa a alguém?

Sei que sim. E lamento.


Esses olhos que me encaram são tão duros, tão frios, tão doces, tão lindos, tão meus.

Espelhos, ainda quebro um.


Com todo o amor, e um pouco de dor...

Ou seria com toda a dor, e um pouco de amor?

Não.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008


Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

...

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,

...

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo

...

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.

...
A aprendizagem que me deram, Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!

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Abro mão das "idéias do César", por idéias muito melhores. Limpas e definidas.
Faço isso não por comodismo, preguiça ou homenagem, se bem que este gigante da literatura merece todas as honras e deferências.

Já a dois dias que encontro essa dificuldade. Organizar minhas próprias idéias.

Na verdade, as idéias estão relativamente em ordem, são os sentimentos que estão confusos.

Sensações. Malditas sensações.

Derramo algumas linhas sobre o fundo branco e nu, leio, penso. Apago.

Penso novamente. Nada decido. Contudo, ainda sim, apago.

Me entristeço. Me alegro. Me derreto. E apago.

Me mostro, me escondo. Minto e gargalho. Para logo depois apagar.

Portanto, devido a secura em que me encontro.

Devido ao marasmo criativo.

Devido ao terremoto já anunciado.

Me abstenho, pelo tempo que for preciso.

Com amor, dor, ardor, rancor e um pouco de calor.


quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

They're Taking The Hobbits To Isengard

Anoitece.

Já se ouvem os uivos sombrios de coites e chacais, a espreita, saindo de suas tocas em busca do alimento.

Goblins salteadores tomam seus postos nas beiras das estradas.

Criaturas sombrias e assombrosas despertam de seu sono de pedra, voltando mais uma vez a vida.

Apesar do céu limpo e estrelado, as pradarias e vales, charnecas e florestas da Terra-Média nunca serão um local seguro após o pôr do sol.

Embora as últimas décadas tenham sido de relativa paz, alguns ainda escutam o sussurro do mal em seus ouvidos, e muitos desses respondem, entregando-se a atos de crueldade de todos os tipo.

Não apenas as criaturas malévolas por natureza representam perigos aos povos livros.

Humanos cheios de ódios, bandos de anões errantes, e até mesmo elfos sanguinários vagam por entre as montanhas, buscando tesouros, alimentos, ou em muitos casos, apenas um pouco de ação.

Já se passaram muitos anos desde a tomada de Mordor, a derrocada de Sauron, e a destruição do bem mais precioso já produzido na Terra-Média, o Um Anel, o Anel do Poder.

O reinado de Aragorn, o valente, juntamente com Arwen também chamada de Estrela Vespertina, tem sido pacífico.

Apesar de algumas escaramuças com os bárbaros vindos do Norte, e pequenas facções de feiticeiros e demonitas, não se pode afirmar ter havido nenhuma grande batalha.

Em Roham, os destemidos cavaleiros mantém suas tradições bélicas através de jogos e torneios. Mas agradecem aos deuses antigos a paz, os filhos enterrando os pais, e não mais o contrário, como foi nos dias de trevas, quando todo jovem capaz devia apresentar-se a armada, e muitas vezes, entregar sua vida antes mesmo de completar sua maioridade.

Mordor, destruída e sob completa vigilância, ainda oferece abrigo e esconderijo para criaturas soturnas, em busca de um local onde possam contar seus despojos, e separar a carne dos ossos de suas vitimas.

De tempos em tempos, grupos de jovens gondorianos se aventuram dentro de suas muralhas, buscando fama e respeito. De tempos em tempos, algumas famílias proeminentes de Gondor choram em desespero a perda de um de seus herdeiros. Tragédias na Terra-Média nunca foram tão banais.

Anoitece.

Agora a escuridão já cobre toda a terra. Não uma escuridão maligna como nos tempos antigos e esquecidos.

Apenas a ausência do Sol, nada mais.

Elbereth, a adorada ancestral elfica, brilha reluzente ao lado de outras estrelas de igual beleza.

Apesar do silêncio, interrompido apenas pelo arquejar de um gamo, tentando desesperadamente escapar das garras de um predador desconhecido, ou pela gargalhada de um Goblin, frente a uma nova e maliciosa idéia, alguns lugares da Terra-Média se encontram bem animados.

A Oeste, onde as planícies de Roham terminam, e a terrível floresta de Fargorn se inicia, existe um local ainda pouco conhecido por todos. Terra do Hobbits, criaturas que, apesar do seu pouco tamanho e personalidade levemente abobalhada, tiveram grande papel nos eventos e batalhas que precederam a Grande Queda, o fim do reinado perverso de Sourom.

Estalagem do Ponei Saltitante. Local que se tornou conhecido, por ter abrigado alguns dos personagens mais famosos da história recente, Frodo Quatro Dedos, Passo-Largo, que então era conhecido apenas como um dos Guardiões, e que mais tarde viria tornar-se Rei de Gondor, o último filho de Númenor. Entre outros.

A música alta anima o ambiente na estalagem. O fogo na lareira crepita, oferecendo a todos uma iluminação radiante e um calor aconchegante.

Copos de cerveja, são distribuídos, pão, tenros pedaços de carne, bolos e outras guloseimas acompanham a cerveja que parece não acabar, mas também não saciar o apetite desses famintos e comilões. Hobbits, seu apetite é motivo de piadas e chacotas por todos os lados.

Apesar de haverem algumas outras raças, humanos e anões, a maioria Hobbit predomina na estalagem, determinando assim, quais canções serão ouvidas.

O músico, um elfo que a muito se rendeu as ervas de fumo produzidos no Condado, toca animadamente suas canções e odes, que apesar da beleza élfica, não são muito apreciadas pelo fanfarrões Hobbits, que preferem canções agitadas e com letras banais, como aquela que conta a história de como Maria Justa-Correia corria no milharal, procurando sua cesta. Isso sim é uma música que deve ser cantada.


Após certo de tempo de bebedices e bandalheiras, os Hobbits já estavam em estado de total embriaguez Muitos subindo por cima das mesas, dançando e cantando animadamente.

Mithniel, esse era o nome do músico ao pianocelo, sabendo dos perigos de permitir ao Hobbits se animarem demais, e se tornarem baderneiros incontroláveis...

Após uma pequena introdução ritmada... veio a cantoria...


They're Taking The Hobbits To Isengard

They're Taking The Hobbits To Isengard

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Para mais explicações, assista o Vídeo no meu Orkut

Ou digite o nome no Youtube

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as dores que ele teve,
Mas só as que ele não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.


Tanto pode ser dito.

Tantas sensações. Pensamentos que explodem na mente.

Como uma descarga elétrica, certos textos, simples combinações de palavras e sinais ortográficos, tem o poder de remover-nos de um estado de letargia cerebral, nos levando um alto êxtase de idéias e pensamentos.

Verdades aparecem Mistérios se esclarecem.

De maneira simples e natural, os poemas, poesias, textos, frases e citações tem o miraculoso dom, a formidável propriedade, quase medicinal, de trazer a tona toda a razão, lógica, emoção e lucidez

E, mesmo parecendo que são palavras antônimas entre si, caminham juntas, combatendo entre si, sempre com bons argumentos, servindo-nos como opções, oferecendo-nos a escolha.

E o mais incrível dentro de tudo isso. O que me chama a atenção, é que O poeta é um fingidor. Finge tão completamente. Que chega a fingir que é dor.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Tudo é dor
E toda dor vem do desejo
De não sentirmos dor

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Pele, carne, músculos e nervos.

Reações químicas.

Sentidos e sensações.

Cérebro

Não posso me dizer um especialista em anatomia, nem nos processos que ocorrem a todo instante em nossos corpos.

Mas, e eis aqui um grande mas, posso dizer com toda a convicção que nosso corpo, apesar do que dizem os doutores com suas teses científicas, os gurus com sua balela espiritual, apesar do dizem atletas e nutricionistas, do que dizem os suicidas, do que dizem os que respeitam ou não o corpo, enfim, apesar do que dizem todos, eu digo que nosso corpo não passa de um grande receptáculo para a Dor.

Sentimos dor, captamos dor, produzimos dor.

Brincamos com a dor. Banalizamos a dor.

Constitucionalizamos a dor, e também a democratizamos

Todos tem direito a dor. Todos a merecem.

Encontramos a dor nos lugares mais inusitados e improváveis.

Ao nascer, causamos dor. Muitas vezes, nossa própria concepção é banhada em dor.

A morte, bem, pode ser definida tanto como a dor suprema, como o encerramento da dor.

Entretanto apenas o que pode ser afirmado com absoluta certeza e isto é determinante, é que para morrer, deve-se primeiro doer.

Qual o oposto da dor? Sua antítese?

Não vejo uma resposta.

A Dor esta intimamente ligada, definitivamente intrínseca a própria vida,

Podemos dizer que a vida é apenas uma sucessão ininterrupta de dor.

Mas a dor, apesar de tudo, não é algo tão ruim

Muitas vezes procuramos a dor. Nos infligimos esse penoso prazer.

Não esquivamos dela. Sabemos que a merecemos.

Sabemos que não somos nada sem nossa dor.

Cultivamos a dor. Protegemos a dor.

Existe inclusive um certo egoísmo em relação a dor.

Minha dor é minha, me deixem em paz.

Uma atitude comum.

Conheci pessoas que não vivem sem sua dor.

Levam-na para todos lugares. Sempre exibindo-a.

A dor, sua dor, é sempre o assunto favorito.

Dor, dor, dor.

Afinal, realmente, não podemos negar...


Tudo é dor
E toda dor vem do desejo
De não sentirmos dor

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Para mim...

Simples e Definitivo...
Acredito que hoje seja um belo dia para declarações e citações...

"Eu te amo, e isso é fato. Um amor q existe de verdade. O que me tranqüiliza é q tudo o q existe, existe com uma precisão absoluta. Um tanto perfeita essa síntese. Discutível é verdade, porq nem todos concordariam que tudo existe com uma precisão absoluta. O fato é que eu prefiro a verdade a essa discutível perfeição.

O q há é q esse amor tem me feito acreditar na forma mais simples de ser feliz, amor que parte de uma cumplicidade amiga e sincera, vive no ar que eu respiro.

Amar eu diria é fácil, qse um movimento involuntário, se fosse um movimento é claro. É fácil ser herói se o amor te acolhe bem. Já viver o amor, talvez não seja assim tão fácil, mas a gente segue em frente enquanto o mundo olha por nós.

Um grito abafado, um choro contido, o mundo ao contrário. Nunca ninguém soube se estava louca pra rir ou pra chorar, um dia uma pessoa sabia e... Como nada é por acaso e nem precisa ter razão. Sabia às vezes antes de eu saber. E sabendo já estava com uma solução em mãos, com palavras nos bolsos q confortariam meu coração, com um olhar ou um gesto q traria de volta que paz q haviam me tirado!

Deu-me muitas visões do oásis de nós dois, me fez um oásis. E no silencio dos teus braços, e no teu abraço eu encontrei o lugar perfeito pro amor viver.

Se um dia contarem nossa historia de felicidades, tristezas e glórias vai ser o poema mais bonito que existir."


Juiete Zago Giorgete, namorada

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

É uma índia com colar
A tarde linda que não quer se pôr
...
O que está acontecendo?

O mundo está ao contrário e ninguém reparou
O que está acontecendo?
Eu estava em paz quando você chegou
...
Como um gatilho sem disparar

Você invade mais um lugar
Onde eu não vou
...
Sobe a lua porque longe vai?
Corre o dia tão vertical
O horizonte anuncia com o seu vitral
Que eu trocaria a eternidade por esta noite
...
Quem nesse mundo faz o que há durar
Pura semente dura: o futuro amor
Eu sou a chuva pra você secar
Pelo zunido das suas asas você me falou

O que você está dizendo?
Milhões de frases sem nenhuma cor, ôôôô...
O que você está dizendo?
Um relicário imenso deste amor
...

Pensando em beleza. Pensando em poesia em seu estado bruto e natural, contudo, ainda sim sublime e suave, penso numa Índia.
Não uma Índia específica, como também, não uma Índia qualquer.

Consigo visualizar esta criatura, em seu habitat. Consigo vê-la correndo por dentre árvores, consigo vê-la banhando-se em rios que refletem com exatidão sua beleza tribal.

Mas não posso, e devo dizer, nem ouso, descreve-la.

Apenas por que quero preservar seu anonimato e quietude.

Não estou fazendo uma homenagem a cultura indígena, mesmo sabendo que em meus sangue corre uma pequena parte de sua herança.

Não estou fazendo uma homenagem as mulheres de sua raça. Nem a sua beleza, nem nada genérico ou geral.

Estou escrevendo sobre uma Índia. Esta moça, de tão comentada beleza e graciosidade, não esta representando todas as demais, como diria um amante da especie. Não, de modo nenhum.

Ela esta representando a si própria, e aos meus sonhos.

Não posso me dizer um adorados da pele morena, um fanático pelos cabelos pretos.

Gosto dos olhos puxados, mão não gastaria da minha atenção por um outro par qualquer.

Mas estes olhos, esta pele morena, estes cabelos pretos que me incomodam.

O motivo, bem, sou descendente de portugueses, e já comentei que tenho uma certa quantidade de sangue nativo nas veias.

Talvez, não digo provável, apenas talvez, talvez, algum instinto ancestral seja despertado em mim.

Da mesma forma que algum remoto ancestral se encantou por uma beleza local, posso estar sofrendo desta mudança de gostos e paladares.

Não que seja ruim, longe de mim, até mesmo estas possuem seu encanto.

Mas, tal mudança de comportamento deve ser estudada e pensada.

Se hoje somos um país com 180 milhões de habitantes, é por que em dado momento de nossa história, homens como eu se encantaram por moças como estas. Fato. Consumado.

E posso atrever-me a dizer, que este fato foi consumado muitas e muitas vezes, nas praias e colinas, verdes relvas e encostas. Consumado em cabanas, choupanas, em cima de folhas de bananeiras e debaixo de coqueiros. E consumado, e consumado. Até a marca recorde de 180 milhões de brasileiros.



Escrevo por escrever. O que seria eu, se me deixasse levar pela música, e pelos meus próprios pensamentos?
Já que idéias tem Consequências, cuido do que penso. Mas escrevo do que gosto.

Com Amor

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

A Sala e eu

A Sala é escura.
Paredes escuras. Não para ser assustador ou sombrio.
Apenas por que há muito que não é visitada.

Gostaria de dizer que é uma sala especial.

Mas não o é.

Sem quadros. Sem ornamentos de qualquer espécie.

Sem janelas, logo sem cortinas também.

Uma Sala vazia. Lisa. Apática

Engraçado neh.

Sempre imaginei que este tipo de Sala seria repleto de belezas.

Encantos. Magia.

Sempre imaginei ma sala como esta cheia de estantes.

Livros, rascunhos, fragmentos de manuscritos, empoeirados, tudo empoeirado.

Velhas estátuas. Observadoras de tempos antigos.

Quadros. Imagens já esquecidas de pessoas ainda mais esquecidas.

Mas não. Não neste Sala. Esta era vazia. Limpa.

Escura. Mas como já mencionei. Uma escuridão agradável.

Nada de arrepios ou calafrios.

Nenhuma sensação de mistério. Nada oculto.


Nesta Sala há apenas um objeto.

Um objeto simples. Tão sem encantos e magia como a sala que o abriga.

Um pequeno baú.

De madeira. Uma fita de couro e uma fivela de madeira são a única barreira entre seu interior e a curiosidade de um transgressor qualquer.


Contudo. Posso afirmar com verdadeira certeza, que neste Baú, largado displicentemente nesta Sala apagada e sem vida, estão guardados segredos dos mais preciosos.

Isto mesmo. Trata-se de um Baú de Segredos. Na verdade, um Baú de Lembranças.

Mas, meu caros leitores, hão de convir comigo, que toda lembrança secreto, é também um segredo. Portanto, não há problemas em guardar estas lembranças num Baú, seja ele de segredos ou lembranças


Defendo esta causa com veemência, pois se trata dos meus próprios segredos, ou melhor dizendo, lembranças.

Minhas doces lembranças.

Meus suaves segredos.

Minha música, minha poesia.

Minha vida, minha história. Eu.


Anos se passam. Anos acontecem, sem que eu visite minha Sala.

Sem que eu abra meu Baú.

Não por medo, não por reverência. Não por motivo algum ou nenhum.

Apenas por que, se tenho uma Sala Vazia, e uma Baú de Segredos, ou Lembranças, prefiro que estes cumpram seu papel, encerrando em si tudo aquilo que não devo, nem quero levar comigo.


Acontece, que te tempos em tempos, preciso voltar aqui.

Te tempos em tempo tenho que me deparar com as mesmas paredes nuas, com a mesma limpeza entediante.

De tempos em tempo tenho que me lembrar, caso contrário, as lembranças deixariam de ser lembranças. E o que seriam então? Deslembranças.


Em memória daqueles que passaram.

Daquelas viveram.


E de todos os que estiveram lá.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008




Lembranças

De pés descalços ando na areia.

Sinto a umidade gelada tocando meu rosto.

Uma leve e deliciosa brisa sopra do leste. Me sinto acariciado pelo seu suave toque.

Olho o horizonte, meu próprio azul infinito.

O céu reflete o mar? O mar reflete o céu?

O mar e o céu refletem essa incrível sensação?

Sinto-me vivo? Não

Sinto-me eu? Não

Sinto saudades. Muita, sempre, a cada segundo, a cada pulsar, a cada batida do meu coração.

Eu a amo. E não a tinha.

Eu a amo, e já a tenho.

Doces lembranças ficaram para trás.

Doces imagens se perdem na realidade.

Já não tenho o mar, nem as ondas.

Já não tenho a brisa suave.

Já não sinto a pele corar diante de tão majestoso Sol.

Mas a tenho.

Durante tanto tempo, eles foram meus cúmplices

Parceiros de lágrimas e dor.

Sentinelas da minha saudade.

Memoriais da minha dor.

Sua beleza, seus encantos, de nada adiantavam.

Dor é dor.

Não importa se é causada numa cela imunda ou na mais paradisíaca das paisagens.

Dor é dor, e minha dor me dói.

Ou melhor, doía.

Já não tenho dor, tenho amor.

Meu amor. Interno e externo.

Lembranças. Que fiquem onde estão.

Estou vivo, e a tenho.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Sentimentos, pensamentos e idéias.
Até agora tenho sido tão subjetivo e até mesmo um tanto enigmático no que tenho postado.

Não segui temas, nem assuntos, apenas coloquei pra fora uma pequena fração do que, neste momento, compõe meus sentimentos.

Contudo, quero ser mais preciso nos dizeres, menos enigmático.
Infelizmente, dentro de tanto e tanto que exite em mim, escolher algo que eu queira, consiga e possa e expôr é bem complicado.

Inclusive, seu um dia fosse modificar o título do Blog, cocaria da seguinte maneira: "Idéias têm conseqüências, mas as minhas são complicadas"...

Hoje acordei num dia bom,e bom humor. Tive uma semana interessante, um fim de semana delicioso. Mas, eu mereci toda essa alegria? Alguém merece? Alguém não merece? É sorteio? Pontos corridos? Final do RG? Existe um padrão, existe uma cota para a felicidade?

O que, diabos, é felicidade?

Bom, acredito q se entrar nesta questão, novamente estarei sendo subjetivo e vago. Deixarei-a de lado.

Continuando. Li o post da Denise - Link no meu Blog - muito bom, muito engraçado. Infância.

Acho q estou divagando. Gosto de divagar. Pensar, relacionar. Estou pensando na minha infância. Tanta coisa, tantos estados, escolas, pessoas, lágrimas. Tenho a impressão de que minha infância durou uns 30 anos. Ou então o tempo passa mais devagar para mim. Consigo chorar mais vezes num dia que a maioria das pessoas.

Minha infância foi ruin? Não sei.
Foi boa? Não sei.
Gostaria de voltar? De revive-la? Não, de jeito nenhum.
Gostaria de enterre-la e esquecer. Também não.
Rsrsrs.
Gosto de falar sobre isso? Acho q não.

Por isso, chega. prometo que o próximo Post será melhor. Esse foi meu, pra mim. De mim.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Como já comentei em Posts anteriores, o melhor de se ter um Blog chamado Idéias do Cesar, é que eu sou o Cesar, logo este é o meu Blog, portanto, escrevo o que bem meu aprouver, o que me der na telha...

Ai ai, com um suspiro, termino este desabafo, e início o Post de hoje.


Ontem, passei boa parte da tarde, e um pequeno pedaço da minha noite, pensando (Sim, eu penso, “Idéias do Cesar”, vem de algum lugar neh), enfim, pensando no sobre o que iria escrever hoje.


E decidi novamente dissertar a respeito de “Sentimentos”.

Na verdade, “Sentimento”. Singular. Apenas um.

De todos, acredito que este, ao qual me referirei hoje, seja o mais forte, ousado, sublime, e totalmente inerente a natureza humana.

Este pode ser o sentimento que no move, motiva, que nos dá forças e ânimo.


Infelizmente, mesmo a descrição de tal sentimento, que ainda não revelei nominalmente. Seja tão bela, até mesmo poética, ele desperta o que há de pior em cada um de nós.


Toda a vileza e covardia, toda a maldade, vingança e em muitos casos a própria insanidade são armas e aliados, parceiros e amigos de tal sentimento.


Contudo, antes de revela-lo, citarei uma breve história, uma espécia de referência, que também nos serve ainda nos dias de hoje de memorial e relicário deste vil sentimento.


Seu nome era Otelo, general Mouro, que então servia o Reino de Veneza. Altivo e leal, este homem havia se destacado dentre os demais não apenas por sua cor de ébano, ou seus músculos protuberantes, nem tão pouco por sua estatura elevada, mas sim pelo seu caráter, lealdade a corte, e bravura nas batalhas.


Tamanhos atributos lhe renderam o amor de Desdêmona, linda dama, filha de um rico Senador de Veneza, que sonhava para sua filha mais que um Mouro como marido.


Desde o inicio da união, esse belo casal enfrentou dificuldades, causadas pelo pai da moça, que pedira o anulação da união, e pelo jovem soldado Iago, melindroso e invejoso, queria vingar-se de seu general a qualquer custo.


Enfim, as primeiras dificuldades foram vencidas facilmente por Otelo e Desdêmona, que se uniram cada vez mais, e viam seu amor os fortalecendo e sustentando.


É neste ponto da narrativa, que este lindo romance se transforma em lamentável tragédia.


Amor, carinho e compreensão, dão lugar a ódio, maledicências e assassinato.


Sim, a morte, o último recurso, a grande arma deste sentimento que agora irei utilizar para preencher as lacunas desta história.


Iago, aquele soldado já mencionado, em suas maléficas intenções de ferir Otelo, e alcançar assim sua vingança, lançou mão de um artifício de tamanha baixeza, que o veneno, se torna mel diante dele.


Foram lançadas sementes de Ciumes (eis o nome pelo qual é conhecido este terrível sentimento) ao coração de Otelo, que germinaram rapidamente dentro do peito de nosso herói, que passou rapidamente de honrado protetor, a fatídico algoz de sua amada, porém vitima, Desdêmona.


Pequenos gestos, algumas palavras, pitadas de malícia e um pouco de imaginação foram o suficiente para fazer com a chama do amor se apagasse, e dessem lugar ao gelo do ódio e do rancor.


Ciumes, sim, este é o sentimento ao qual tenho me referido desde o início.

Ciumes, o mais fatal dos sentimentos.

Agora, por que falar de ciumes?


Meus queridos (e querida, adorada) leitores, escolhi este tema, pois nos dia de hoje, com tanta loucura, e tantas coisas acontecendo, devemos nos acautelar, não sermos vítimas do ciumes, contudo, não nos tornamos também algozes, usando este abominável sentimento como ferramenta para nossos desígnios cruéis.


Dedico este Post a todos os Otelos, Desdêmonas e Iagos...

E também a uma pessoa, que tem se tornado especial a cada dia, a cada post...

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Pensando nos Post aqui escritos, e mais ainda, nas idéias que os precedeu, vi, percebi, entendi e concluí que tenho sido um tanto, hum, espinhoso, cáustico e até mesmo, me permito dizer (pois a mim me permito dizer-me qualquer coisa) venenoso.

Enfim, neste post, quero ser mais suave, romântico, carinhoso e gentil.
Falarei de amor, de relacionamentos difíceis, e ainda sim fundamentais.
Escreverei, como sugere o nome do Blog, sobre que penso e sinto a respeito do sentimento mais comentado, divulgado, comercializado e profanado da parca história da humanidade. O Amor.

Amor me lembra Moulin Rouge.
Não só por que Moulin Rouge é sobre amor, mas também por que eu amo Moulin Rouge.

As músicas, a plástica, as personagens, tudo.

Mas este não é um Post sobre cinema, por isso não devo me prender em Moulin Rouge.

Amor me lembra, Sonhos de Uma Noite de Verão.

Engraçado como neste história, se prestarmos bem atenção, vemos o amor como uma fantasia fantástica entre jovens, e uma fanfarronice entre seres encantados.

Mas tão pouco sou crítico literário. Neste caso, deixarei de lado as fábulas.

Me concentrarei em mim.
Já disse que amo? Pois bem, eu amo.
Amo ao limite, ao máximo, ao mais elevado.

Ai ai, o melhor de se ter um Blog chamado "Idéias do César", é que... rsrs, eu sou o César, essas são as minhas idéias.
Já falamos sobre idéias aqui.

Dedico o Post sobre "Amor" a duas pessoas.

Apenas uma delas lerá, e quem sabe, pode até mesmo gostar...

Abraços e beijos pra você, musa.



quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

2008

Começo um novo Ano.
Para muitos, 2008 será uma "nova fase", um "novo ciclo", e tantos outros termos, palavras e atitudes que denotam um pensamento bem engraçado e corriqueiro, muito encontrado nas festas de Fim de Ano.
Tudo Novo.
Ai ai.
Será que simples passagem de um ano para outro tem esse poder?
Minhas promessas se tornam mais verdadeiras? Minhas vontades mais submissas.
Meus erros menos escusos?
Será que uma simples mudança, que existe apenas por uma das "convenções" cronológicas e temporais, é capaz de tamanhas realizações.
Bom... Não... rsrsrs

Para os fizeram promessas eu digo: Se você não tem o costuma de cumpri-las, não se iluda.
Para os que fizeram votos e pactos: Não se iluda também
Para os que esperam um ano diferente: Não se iluda

E, finalmente, para os perversos e obtusos, para os ociosos e preconceituosos, para os ostracistas, melancólicos, para os egomaníacos, medrosos, covardes, ignorantes. Para os incultos, sujos, pervertidos, mentirosos, enfim, para todos vocês...

Continuem se iludindo.